quinta-feira, 18 de junho de 2009

o poder do beijo


Beijo na Boca Beijo: tocar alguém ou algo com os lábios, com suavidade ou paixão. Mas é claro que o beijo significa muito mais do que isso. Descubra os segredos do beijo na boca e entenda porquê ele é tão bom. Por Tamara de Anda
Terri e Ray se conheceram em um restaurante onde ambos trabalhavam como garçom e garçonete. Embora o dinheiro fosse pouco, ele a convidou para sair. Tiveram vários encontros, durante os quais brincaram nos balanços das praças públicas, riram e se divertiram como adolescentes, apesar de já terem mais de 20 anos. No fim de um desses encontros, chegou o momento que ambos aguardavam. Antes de se despedir, Ray perguntou: “Posso beijá-la?” Ela aceitou sem a menor dúvida e, embora meio nervosa, lhe ofereceu os lábios. Os dois concordam que não foi um momento épico nem espetacular, não houve paixão arrebatadora ao estilo hollywoodiano, mas aquele beijo marcou o início de 24 anos de uma história de amor que ainda está firme e forte.
Embora pareça coisa de romance, o caso de Terri e Ray tem uma explicação científica: o beijo é muito mais do que um simples gesto de intimidade. Com essa primeira aproximação física, certamente o jovem casal viu, mesmo sem saber, o sucesso do futuro relacionamento. Um estudo publicado em 2007 e liderado pelo psicólogo Gordon Gallup mostra que beijar é uma maneira de trocar, de forma subconsciente e por meio dos sentidos, informações importantes sobre a pessoa à nossa frente para saber se ela é ou não o par ideal. Essa “intuição biológica” não falhou no caso de Terri e Ray; eles têm dois filhos saudáveis e felizes: Rachel, de 18 anos, e Jonathan, de 17.As possíveis consequências do beijo não parecem exageradas quando analisamos o que acontece no organismo no momento do contato. “Dos 12 pares de nervos cranianos que temos, cinco são estimulados quando beijamos, enviando mensagens dos lábios, da língua e do nariz ao cérebro, que processa todos os movimentos que acontecem”, diz o Dr. Amaury Mendes Junior, pós-graduado em Sexologia pela Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. Trinta e quatro músculos funcionam ao mesmo tempo e há liberação de oxitocina. “Também conhecida co­mo ‘hormônio da união’, o nível de oxitocina aumenta depois do beijo”, acrescenta ele.Na hora de beijar, o nariz tem papel importante. Não se trocam só olhares significativos, mas também aromas, antes e depois do beijo. Há algum tem­po, não se acreditava que os seres humanos pudessem perceber os feromônios, que promovem o namoro e o acasalamento em muitas espécies de animais. No entanto, um estudo de 2003 demonstrou que o olfato pode ser fundamental na biologia reprodutora humana. O estudo mostra que os seres humanos têm receptores de feromônios na membrana mucosa do aparelho olfatório cujo papel é importantíssimo na maneira como nos relacionamos com o sexo oposto.Essa pode ser uma pista de como as mulheres conseguem perceber a compatibilidade genética dos homens, e estes, a fertilidade da mulher.
Quem inventou o beijo?
Examinando a cadeia evolutiva, é fácil imaginar a origem desse delicioso costume humano. “Alguns primatas alimentam os filhos boca a boca, primeiro mastigando a comida e depois passando-a para o filhote; essa pode ter sido a origem do beijo”, diz Amaury. Tanto o primatólogo Frans de Waal quanto o etólogo Eibl-Eibesfeld apoiam a teoria: o beijo sem transferência de comida é uma expressão quase universal de amor e afeição entre os seres humanos. Parece que nossos ancestrais diretos também tinham o mesmo costume, porque alguns estudos antropológicos indicam que as hominídeas, por exemplo, as mulheres de Cro-Magnon, alimentavam os filhos boca a boca.Nossos “primos” chimpanzés também se beijam; não só para se alimentar, mas como saudação ou, segundo a antropóloga física Diana Platas, como reconciliação depois de um conflito. Diana, da Associação Mexicana de Primatologia, descreve como o beijo é sinal de afeição e confiança entre os chimpanzés bonobos, muitas vezes envolvendo a língua. De acordo com o primatólogo holandês Frans de Waal, “nenhum ator de Hollywood consegue igualar a paixão demonstrada por dois bonobos ao se beijar”. Os beijos não são exclusivos da espécie humana, mas o etólogo inglês Desmond Morris afir­ma que so­mos a única espécie com lábios que se dobram para fora e com uma cor distinta que os diferencia do restante da pele. Os lábios são visualmente atraentes e muito sensíveis, pois têm a epiderme mais fina do corpo e muitas células nervosas sensórias convergem neles.
Fomos projetados para beijar
Pelo menos 90% da população do mundo pertence a uma cultura na qual se trocam beijos. Mas, como esse número não é absoluto, podemos nos perguntar se o beijo não é meramente um reflexo ou uma conduta adquirida. Beijar é um ato aprendido e mais frequente em algumas culturas do que em outras. Mas o ato de beijar em si pode ser considerado instintivo. Vejamos, por exemplo, o reflexo de sugar: ele não acontece apenas quando o bebê precisa se alimentar, é também um ato que o tranquiliza.Sigmund Freud achava que a origem do beijo está no modo como os bebês se alimentam. “Hoje sabemos que, para sugar, usamos os mesmos músculos e movimentos do beijo”, diz a escritora inglesa Adrianne Blue. Freud considerava o beijo como a busca do seio da mãe nos lábios dos outros. “Adoramos beijar porque o beijo esteve presente em nosso primeiro amor verdadeiro.”Como confirmação da ideia freudiana, a maioria inclina a cabeça para a direita ao beijar, de acordo com um estudo de 2003 publicado na revista Nature. Diana Platas confirma: “Fiz uma experiência rápida com pessoas que conheço. Observei 25 casais, dos quais 24 inclinaram a cabeça para a direita ao beijar.” Isso pode ser causado pela assimetria hemisférica do cérebro, mas especula-se que a assimetria resulte do hábito materno de segurar os bebês do lado esquerdo ao amamentar, o que predomina em 80% da população, de acordo com Desmond Morris. Uma razão pode ser que o coração da mãe fica do lado esquerdo...
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